sábado, 26 de fevereiro de 2011

SOBRE BRUXAS E VASSOURAS


Nunca entendi as razões por que as bruxas usavam vassouras como seu meio de transporte. Pelo que sei, as bruxas são entidades dotadas de grande poder, e não há razões para que saiam pelos céus exibindo a sua indigência, usando esse objeto sujo como se fosse um disco voador. Eu preferiria, para seguir as histórias das mil e uma noites, que elas viajassem num tapete persa mágico ou que cavalgassem um macio dragão soltando fogo pelas ventas. Mas todas as coisas, mesmo as mais estranhas, têm as suas razões. Aprendi que é fato comprovado: as bruxas viajavam por terras maravilhosas e desconhecidas tendo uma vassoura no meio das pernas. Aconteceu assim. Ia eu numa das minhas caminhadas matutinas pela fazenda Santa Elisa quando me vi diante de uma árvore cheia das flores brancas vulgarmente chamadas trombetas, pendentes dos galhos como pequenos lustres. Essa flor, eu a conheço desde a minha infância. Elas são grandes, lindas e perigosas. Sua brancura esconde poderes alucinógenos incomparáveis. Podem ser letais. Sei de um pesquisador sóbrio que só de manipular essa flor no laboratório ficou doidão. Comentei esse fato com o cientista que me acompanhava, e ele me informou que, segundo informações da internet, há uma curiosa relação entre essa flor, nome científico datura suaveolens, e a lenda das bruxas que voam montadas em vassouras. Quem quiser que entre no Google: +datura+witch. As bruxas foram uma invenção da Inquisição. Para justificar a sua queima nas fogueiras pela glória de Deus, diziam que eram adoradoras do demônio. E mais, que até transavam com o dito. Na verdade, as mulheres que a Inquisição amaldiçoou com o nome de bruxas eram sacerdotisas de uma antiqüíssima religião matriarcal anterior ao cristianismo baseada na Terra, no ciclo dos astros, no tempo e nas plantas e animais. Faziam, com freqüência, uso de plantas psicoativas em busca de sabedoria e de experiências com o sagrado. Uma das poções alucinógenas usadas por elas tinha o nome de “ungüento voador”, feita com uma mistura de ervas, uma delas sendo a trombeta ou datura, que era também conhecida como “o suco da alegria”. A datura, misturada com várias outras ervas, era fervida em óleo, provavelmente num caldeirão, e depois bebida num ritual. Aquelas que a tomavam tinham alucinações, delírios e amnésia. A experiência devia ser boa -caso contrário teria sido abandonada. Aconteceu, entretanto, que em decorrência dos seus perigos, as sacerdotisas trataram de inventar uma versão mais suave e segura. Ao invés de beber a poção, imaginaram esfregá-la em mucosas sensíveis. Assim, fazia-se a poção mágica mexendo a beberragem com uma vassourinha de pelos macios. A vassourinha de pelos macios era então usada para umedecer as mucosas das regiões entre as pernas, genitais. Assim, vinham-lhes deliciosas alucinações, e elas voavam, montadas na vassourinha… Está assim explicada a lenda das bruxas montadas nas vassouras. Mas bruxa velha, com nariz adunco e comprido, chapéu preto e pontudo, isso é invenção de padre. Acho que as sacerdotisas podiam até ser muito bonitas…


Texto de Rubem Alves, um dos meus escritores favoritos, gostaria de ter a metade, somente a metade, de seu talento, cultura e sabedoria.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Perfect Day - Peter Rabbit

Esse video, foi um presente da minha Secretária Encantada, Fernanda Ventura.
Eu assistia os desenhos de Peter Rabbit, com meus filhos, e imaginava que eu era Beatrix Potter.






Obrigada querida Secretária. Bjs em seu coração

domingo, 6 de fevereiro de 2011

O COPO, O SAL E O LAGO




O velho mestre pediu a uma jovem triste que colocasse uma mão cheia de sal em um copo d'água e bebesse.

"Qual é o gosto?", perguntou o Mestre.

"Ruim", disse a aprendiz.

O mestre sorriu e pediu a jovem que pegasse outra mão cheia de sal e levasse a um lago.

Os dois caminharam em silêncio e a jovem jogou o sal no lago, então o velho disse:



"Beba um pouco dessa água".

Enquanto a água escorria do queixo da jovem, o mestre perguntou:

"Qual é o gosto?"

"Bom!" disse a moça.

"Você sente gosto do sal?", perguntou o mestre.

"Não", disse a jovem.

O mestre então sentou ao lado da jovem, pegou sua mão e disse:

"A dor na vida de uma pessoa não muda.

Mas o sabor da dor depende do lugar onde a colocamos.

Então quando você sentir dor, a única coisa que você deve fazer é aumentar o sentido das coisas.


Deixe de ser um copo. Torne-se um lago".


Texto gentilmente cedido por Rômulo Soares.